Com a consolidação de ouvintes online, donos de canais, radialistas, jornalistas e interessados discutem (há anos) qual será o futuro do rádio. O AM e FM irá desaparecer com o crescimento das transmissões pela internet? Bem, o AM já está migrando para faixas FM. E como acontecerá essa transição do rádio para a tecnologia digital? Vamos explicar nossa visão neste post.

Paulo Lorandi –  que coordenou por 16 anos departamentos de rádio e tv em Caxias do Sul, e acompanhou a evolução tecnológica do rádio, participando inclusive do primeiro projeto de automação do país e de uma das primeiras redes via satélite – acredita que não haverá uma queda significativa na audiência das rádios por concessão por conta de rádios comunitárias e educativas estarem dividindo este mercado. “As rádios estão se preparando para esta demanda de conteúdo e boa parte delas já está transmitindo seu sinal via streaming.

Como é realizado o streaming de áudio?

O som analógico ou digital é capturado no estúdio da rádio e codificado para um dos padrões mais utilizados, como Mp3, AAC, Flash ou Windows Media. Os dados são enviados a um servidor de streaming, e retransmitidos para o número desejado de ouvintes simultâneos da emissora. O serviço de streaming é contratado conforme o número de ouvintes que terá capacidade e conforme a qualidade de áudio.

Conforme dados informados pelo Instituto de Pesquisa Nielsen (infográfico abaixo), o hábito de ouvir rádios online ou serviços de música via streaming em 2011, deu um salto de 66% em relação ao mesmo período de 2010, o que significa 35 milhões de ouvintes ligados nos smartphones. Lorandi atribui esse crescimento a três fatores:

  • A evolução da tecnologia (encoder) para transmitir sinais de áudio e vídeo em praticamente todos os tipos de codificações para sistemas operacionais Windows, Linux, OS e seus navegadores de internet;
  • Preços mais acessíveis de conexão de internet no Brasil, os quais facilitam para a radiodifusão;
  • Crescimento de acesso à internet via dispositivos móveis.

O perfil dos ouvintes conectados

Paulo explica que ao contrário do rádio convencional, não existem números estatísticos que qualifiquem a audiência pela internet  quanto à classe social, grau de ensino ou gênero. Cada rádio que contrata esse serviço consegue medir sua audiência através de painéis que indicam quantas pessoas estão ouvindo a rádio em tempo real, por horário, dia, semana ou mês, cidade, estado e país, bem como o tempo que cada pessoa ficou conectada.

O que se tem percebido ultimamente é o uso de rádios web no horário de expediente. As pessoas trabalham no computador e com seus fones, obtém entretenimento. Há também o caso de brasileiros que no exterior, diminuem a saudade da terra tupiniquim ouvindo pela internet as rádios daqui.

A internet está beneficiando o rádio e não o contrário

Para Fernando Morgado, pesquisador de mídia e comunicação e  professor da ESPM-Rio, a popularização da internet acabou beneficiando o rádio em diversos aspectos:

  • Trouxe de volta muitos ouvintes jovens que haviam perdido o hábito de usar aparelhos de rádio
  • Ilimitou o espaço para empresas ou mesmo pessoas comuns lançarem novas estações, transformando a Internet num campo livre para o surgimento de novas músicas, locutores, programas e marcas que podem até, no futuro, ganhar espaço nos dials;
  • Permitiu que os ouvintes de rádios com baixa qualidade de sinal pudessem ouvir um som mais limpo através dos seus computadores;
  • Reforçou a interação que sempre existiu entre o locutor/comunicador e o seu público, que passou — através de e-mail, de salas de bate-papo e de redes sociais — a interferir instantaneamente na programação;
  • Fez estações locais do mundo todo ganharem uma audiência mundial, ampliando o potencial de internacionalização que o rádio sempre teve e que é o objeto principal da paixão de pessoas como os dexistas — aqueles que, através dos seus aparelhos receptores, procuram ouvir programações dos lugares mais distantes.

O futuro do rádio

Assim como aconteceu no surgimento do FM, no qual muitos chegaram a levantar a hipótese do fim da rádio AM, a internet trouxe a preocupação de que com as rádios online, as transmissões convencionais terão fim.

Muitos especialistas acreditam que isso não irá acontecer. Para Beth Knobel (Co-autora do Livro “Heat and Light: Advice for the Next Generation of Journalists”) da CBS News não importa o sistema ou meio de entrega, o que realmente mantém o jornalismo é o forte conteúdo, e usando a tecnologia para melhorar o seu conteúdo, o rádio pode manter-se não só vivo, mas vibrante.

Nesse vídeo, Mario Persona –  escritor, consultor e palestrante de Comunicação e Marketing, fala sobre a importância do rádio e as vantagens da transmissão por novas plataformas. “É preciso que as rádios forneçam algo que vá além da plataforma de música”. Assim como Beth, Mario explica a importância de se focar num segmento de provedor de conteúdo diferenciado.

Aplicativos móveis como estratégia de conteúdo para rádios

Lorandi, que trabalha há mais de 15 anos no ramo de Streaming de Áudio e Vídeo, vê o uso de aplicativos móveis como um elemento central de estratégia para gerar a oportunidade de envolver o novo consumidor, que está consumindo informação on demand, ou seja, que escolhe quando irá consumir conteúdo.

Paulo lista as vantagens de uma rádio ter um aplicativo web:

  • Fideliza o ouvinte através da transmissão online;
  • Possibilita a geração de podcasts (áudio) e videocasts (vídeo) com as principais notícias;
  • Permite que os ouvintes assistam aos radialistas e seus convidados no estúdio, através do Streaming de Vídeo.
  • Abre um novo canal para os anunciantes, através de banners no aplicativo, ou ainda de propagandas em vídeo antes de iniciar os videocasts.

Para nós da Mídia de Impacto, o futuro do rádio é a convergência para o mundo digital, gerando conteúdos inéditos e com linguagem web. E para você, qual o futuro do rádio?